"Cada libro, cada tomo que ves tiene alma. El alma de quien lo escribió y el alma de quienes lo leyeron y vivieron y soñaron con el (...) Los libros son espejos: sólo se ven en ellos lo que uno ya lleva dentro"

(Carlos Ruiz Zafón, La sombra del viento)

sexta-feira, 27 de abril de 2012

Fazedor de fantasias: William Joyce

"There is more treasure in books than in all the pirate's loot on Treasure Island."
Walt Disney
*


Equipe da Moonbot Studios com a presença de seu personagem mais famoso.
William Joyce é o que está em pé no canto direito. 

Me encantei por ele antes de saber quem ele era. Quando vi o curta-metragem do post anterior, The fantastic Flying books of Mr. MorrisLessmore, fiquei com um sentimento de ‘conheço esse traço’. Fui pesquisar. Deparei-me com William Joice, o diretor, escritor e animador do curta, que fora um dos participantes do longa-metragem da Pixar: Toy Story.

Quando criança fui ver o Toy Story no cinema. Lembro-me como se fosse hoje, era um cinema grande que ficava na Praça Saens Pena, fui com a minha prima e com dois amigos. Lembro-me de toda minha agitação. Aquele tipo de animação era uma completa novidade. Tudo era incrível, o castelo da cinderela em seu desenho no estilo Pixar, os brinquedos falantes, com personalidade, e a história da construção de uma amizade. Não devo ter sido a única criança que ficava espiando para tentar ver a vida dos meus brinquedos, surpreendê-los em uma conversa animada. Acreditava ser possível tanto quanto voar com guarda-chuva como Mary Poppins – quanto a isso, minha mãe me surpreendeu treinando, pulando da mesa com o guarda-chuva aberto, estava me preparando para pular pela janela, mas ela interrompeu meu treinamento avisando que meu guarda-chuva era muito fraco para aquela empreitada. Encantei-me por Toy Story, vi todos os filmes no cinema, sei as músicas, as falas, e tinha um pequeno boneco feio de doer que era um Woody de R$ 1,99. Comprar os brinquedos iguais aos do filme é um privilégio das crianças de hoje que não existia naquele momento.

Quando assisti ao curta - Flying Books - de William Joyce algo me remeteu aquele encantamento primeiro, inicialmente eu não sabia o que era; o traço familiar chamava atenção, mas não conseguia identificar o motivo. Aquele mundo fantasioso de livros voadores me emocionou sobremaneira, e me transportou em 15 minutos tanto quanto Toy Story  o fizera mais de dez anos antes.
Rascunhos do Numberlys

Numberlys – segundo curta-metragem e aplicativo para tabuletas eletrônicas criado pela Moonbot Studios, do qual William Joyce é um dos diretores e produtores executivos – novamente me conduziu ao mundo encantado e colorido das letras. Este aplicativo, como o Flying Books, foi dirigido e escrito por ele. O desenvolvimento do aplicativo e do filme é fruto de um enorme trabalho em equipe, cujos nomes podemos ver no site da Moonbot Studios – inclusive, no blog - A Lunar Art Adventure, temos acesso aos traços dos diferentes ilustradores que trabalham em conjunto na criação destas obras de arte.

Não parei minha investigação por aí. Encontrei diversos livros infantis escritos e ilustrados por Joyce. Neste momento ele está trabalhando em um projeto chamado “The Guardians of Childhood”, uma trilogia sobre os diversos personagens que fazem parte do imaginário infantil como Papai Noel ou o Coelho da Páscoa. Comprei o primeiro livro da trilogia recentemente, The Man in the moon – pra ser exata na segunda-feira 23, dia do livro, e até ganhei adesivo na Livraria Cultura. Encantei-me com a leitura de William Joyce. Deleitei-me. Estou ansiosa para comprar os outros livros e estou esperando com ansiedade pelos próximos projetos da Moonbot e do próprio Joyce, que no momento está também trabalhando em um filme com a Dreamworks.
Convite para exibição do curta
 Me encantei por Joyce sem saber quem ele era. E de certo modo ele fez parte da minha infância. Esse reencontro e este novo encontro foram preciosos. Como se aquela máquina fantástica de fazer encantar que me conduzira pela mão em Toy Story tivesse sido ligada novamente. Como se por um momento, aos 24 anos, eu voltasse a ter 7 anos no reencontro com Joyce. E é também o novo encontro de quem tem 24 anos e que pode ver todos esses recursos pensando nos futuros alunos e nos próximos encontros em sala de aula. Agora, eu me encanto por Joyce novamente, e sei muito bem quem ele é. 
Cartão de Natal de 2011 da Moonbot Studios.
Um novo mundo que se construia na frente do Senhor Morris Lessmore e para mim, de igual modo, um novo mundo se desvelava. 

quinta-feira, 19 de abril de 2012

The Fantastic Flying Books of mr Morris Lessmore


O site da Revista de História da Biblioteca Nacional tem uma coluna para a qual eu contribuo chamada "Cine-História". Semanalmente um novo artigo é publicado, hoje foi o "Colorindo Novos Mundos" sobre o filme/livro/aplicativo. 
Para aqueles que ainda não viram o curta, está inteiramente disponível via youtube, vale a pena ganhar os 15 minutos do vídeo. Anexei-o abaixo. Divirtam-se. 


segunda-feira, 16 de abril de 2012

Troca Troca

Minha paixão pelos livros é uma das minhas características mais evidentes. Meu quarto demonstra esse amor. Gosto de ler, de comprar, de cheirar, folhear, contemplar e emprestar. Eu gosto muito de emprestar meus livros, de permitir outros encontros. E, apesar da minha enorme vontade de comprar e tê-los, sinto um prazer indizível em ler livros emprestados. Não qualquer livro emprestado, não simplesmente ver na mão de um amigo e pedir, mas quando ouço meu colega falar sobre o que sentiu ao ler o livro; ou quando olha para mim um amigo e diz: li um livro que você vai gostar. Estes livros emprestados eu amo. Sinto como se uma parte da pessoa viesse de brinde no livro e como se uma parte de mim fosse de volta com o livro. Também por isso amo emprestar, é um ato de extrema confiança, emprestar livros, sobretudo aqueles que não são emprestáveis. Meus livros são viajados.
Tenho uma amiga que adora marcar meus livros, uma vez que ela é extremamente respeitosa, sempre o faz de lápis, eu permito sem pudor. E então, quando eu vou consultar um livro meu, lá está um sorriso, um coração, uma flor, ou um sol em alguma passagem que lhe marcou. Então eu sorrio por ter acesso ao que ela sentiu quando leu meu livro, uma parte dela segue comigo.
Eu sempre ofereço meus livros de bom grado, pois gosto de compartilhar sentimentos. O último livro que li – sobre o qual postei recentemente - era emprestado, um desses em que eu soube parte do que esta leitora amiga sentiu quando leu o livro e ela me emprestou com coração alegre. (ou fingiu muito bem.) Tenho o costume de trocar livros com ela. Ela me empresta os dela com frequência, e eu lhe empresto os meus. Compartilhar livros, por vezes, é quase como compartilhar segredos. Muito dizem sobre nós as nossas estantes, nossas escolhas.
Por vezes, ao comprar um livro, já penso em dois ou três amigos para os quais quero mostrar os títulos. Compartilhar livros é outra forma de amor e de amar eu penso. Deixar aquelas partes de mim morarem em outras casas por um período de tempo e recebê-los de braços abertos quando retornam de mãos dadas com partes dos outros. Aprendi com outra amiga – que hoje mora em outro país - a valorizar as viagens e as guerras que travam meus livros e a saber que enquanto um livro nosso está em outra casa, é um pedacinho de nós que mora lá. Por isso, o empréstimo requer confiança, intimidade e amizade, para ter certeza de que não importa o tempo que se passa, cuidarão bem daquele pedaço meu. 

sábado, 7 de abril de 2012

Viajando de trem

Bem, Eunícia me emprestou o livro e eu entrei no trem, viajei para Lisboa. Uma vez que retornei da viagem, decidi retomar os planos de conhecer Portugal. Comprei as impressões de Pessoa sobre a mesma cidade, fui ver os mapas da cidade, decidida que estou, comecei a orçar tudo. Para além disto comprei o livro e dei de presente para outro leitor amigo (e outras coisas mais), convidei-o para ir comigo em uma destas viagens que pretendo fazer, para estar sempre comigo, nas minhas aventuras e descobertas. Esse livro foi uma viagem inesquecível e por isso, tive que dividir com ele.