"Cada libro, cada tomo que ves tiene alma. El alma de quien lo escribió y el alma de quienes lo leyeron y vivieron y soñaron con el (...) Los libros son espejos: sólo se ven en ellos lo que uno ya lleva dentro"

(Carlos Ruiz Zafón, La sombra del viento)

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Sempre um papo: Laura de Mello e Souza


Em minhas andanças pela internet, buscando coisas sobre a autora para fazer o PPT de um trabalho encontrei este bate-papo com Laura de Mello e Souza - historiadora que aprendi a admirar quando me apaixonei por América Portuguesa - e resolvi compartilhar.




quinta-feira, 16 de junho de 2011

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Leitoras e amigas: tesouros escondidos :)

Eu acredito que as palavras nos unem. Acredito sobretudo que as amizades surgem de forma inusitada, como tesouros escondidos. Certamente não estão prontas, esperando que alguém as encontre. Se constroem, gradativamente. Apesar do medo, das primeiras impressões. Talvez fazer amigos seja como deixar falar o diferente, e quem sabe ao ouvir, deixar entrar no cotidiano, na vida, no coração.
Construí uma amizade no corredor da biblioteca, no intervalo das leituras, nas pausas para o café. Primeiro esbarros acidentais, depois um ou outro comentário agendado para os intervalos, para enfim chegarmos aos lanches marcados entre o fim de um texto e o início de outro. Apesar dos interesses acadêmicos radicalmente diferentes, apesar de percepções do mundo praticamente equidistantes, apesar inclusive de nossa visão e experiência com relação ao divino... Eis-nos dividindo as conversas, as leituras, as vivências, as lágrimas, os risos, os abraços. No corredor de uma biblioteca encontrei um tesouro.
Há alguns meses atrás recebi de presente uma bela obra de Saramago chamada "o conto da ilha desconhecida". Ela sorriu quando me entregou o presente de aniversário atrasado, disse-me que o livro parecia comigo em certos aspectos, que eu ia gostar. Nada é mais raro do que alguém que sabe de antemão aquilo que vai te agradar, naturalizamos isso, parece-nos comum ou óbvio, mas é raro, requer tempo lendo o outro, requer contato, requer vivência.  Através daquela obra tomou-me pela mão e conduziu-me ao mundo mágico de Saramago, aquele fora meu primeiro encontro com o autor. Assustei-me com aquele presente. Sempre levo um susto quando sou lida. Com aquela singela e doce lembrança ela demonstrou que enquanto liamos juntas ela também me lera e eu a ela. Assustou-me perceber a minha transparência, mas isso logo se foi, depois senti-me em casa. Somos amigas. O livro conta a história de uma busca, uma busca pelo desconhecido. Conta a história de uma viagem e nos mostra que muitas vezes a maior aventura que podemos viver é justamente atravessar os tenebrosos mares que nos levam a um outro, que pode ser uma ilha, o amor e até uma amiga - ou uma leitora amiga né Clarissa?! ;). Tal como a amizade, que se faz na construção, a ilha desconhecida se faz no mar, é ela a própria busca por ela mesma.

sábado, 4 de junho de 2011

Rápido por quê?

Quando comecei a escrever o comentário ao texto do Felipe percebi que ele estava gigante, então resolvi responder postando um texto e incorporando o comentário no meio do texto.
Eu fui uma criança leitora, minha mãe leu para mim desde que eu consigo me lembrar. Por meses a fio lia a mesma história dublando os personagem - alguns ela lembra até hoje de quais eram as vozes e as falas. Porém, eu tive muita dificuldade para aprender a escrever. Eu lia bem mas, escrever era um suplício. Por mais surpreendente que possa parecer eu fui uma criança extremamente tímida. Poucos amigos. Poucas palavras. Vergonha de abraçar. Vergonha de sorrir. Vergonha até de pedir para ir ao banheiro. Sempre achei que eu era meio burrinha, afinal, todos os meus amigos escreviam tão bem... Minha caligrafia era horrenda - sim Eunícia, isso não é de hoje - e todos os professores reclamavam. Então, quando eu cheguei na segunda série eu conheci uma professora fabulosa que marcou minha vida de forma indelével. Apesar da minha extrema timidez, da minha horrenda caligrafia, das minhas notas vergonhas, de ser a piada da turma, apesar de tudo isso ela focou-se nos meus pontos fortes, elogiou-me, e descobriu enfim que meu problema não era uma burrice sem remédio, mas ausência de óculos. Ela foi uma professora incrível. Fico me perguntando se os professores não ganhariam mais elogiando seus alunos do que criticando-os apenas. Certamente concordo que as críticas são fundamentais para que se aprenda a ser sempre melhor, porém, são os elogios que nos mostram que existem coisas que fazemos bem. Podemos melhorar evidentemente, mas não fazemos tudo errado ou ruim.
Sim Felipe pode até ter lido rápido demais, mas também tinha se empenhado em fazer uma boa leitura, merecia pelo menos uma explicação do conceito de rápido da professora. Eu entendia poucas coisas, mas não era fruto de burrice e sim de não enxergar bem o quadro e de ser um pouco mais lenta para aprender. Encontrei uma professora paciente e amorosa. Se tem uma coisa que eu me lembro é exatamente de como eu era amada por ela. O amor fica.
Acredito profundamente que o magistério é um sacerdócio. Talvez falte um pouco disso a alguns professores: devoção. Transformar a escola em altar e cada aula em oração, sendo assim parte de uma liturgia que sempre falha, que está sempre incompleta, mas que se aperfeiçoa com o tempo. Então eu gosto de pensar que na segunda série eu não encontrei apenas uma professora, eu encontrei uma sacerdotisa, que virou um dos meus mais seguros exemplos. Sinto saudades dela.

quinta-feira, 2 de junho de 2011

Rápido demais

Dia desses um professor nos devolveu as primeiras provas do semestre e fez alguns comentários sobre elas. Um deles foi referente à escrita dos alunos. Na verdade, foi uma reclamação sobre como alguns alunos - na universidade - ainda apresentam sérios problemas de escrita, principalmente concordância, coerência, coesão e pontuação.
Deixando isto de lado, escrevo porque esta crítica do professor me fez lembrar dos meus primeiros dias de leitura. Considero que tive certa facilidade no aprendizado de leitura e escrita, embora fosse muito novo e tenha poucas lembranças. Gosto de dizer que aprendi a ler em uma escola municipal - tão abandonadas e desacreditadas - onde fiz a Classe de Alfabetização (o antigo CA), no ano de 1994. Lembro do Fusca "Café com leite" do meu avô à porta da escola, na hora da saída. Eu gostava de ler, embora, quando criança, sempre achasse que houvesse outras coisas mais interessantes para fazer. Não fui uma criança leitora. Meus pais nunca leram para mim na hora de dormir. Morávamos em um bairro longínquo na zona oeste da cidade e a livraria mais próxima ficava a algumas horas de ônibus ou de carro dali. A primeira vez que vi uma livraria foi depois que nos mudamos para a zona sul, em 2003. O interesse por leitura só cresceu mesmo no final da adolescência e com a universidade.
Mas, voltando à leitura na infância, o que realmente estava lembrando e queria escrever aqui, foi quando na 1ª ou 2ª séries (hoje 2º ou 3º anos, se não me engano), a professora separou um dia no qual chamava cada aluno à sua mesa para que lessem em voz alta para ela. Certamente uma forma de avaliar a capacidade de compreensão e o desenvolvimento da leitura de seus alunos. Quando chegou minha vez, fui todo confiante. Eu achava que lia bem. Queria impressionar a professora. Não lembro mais o que li, mas li. Terminei triunfante. O comentário dela? "Você está lendo rápido demais." Só. Frustrante. O que aquilo queria dizer? Eu não sabia. Eu não entendi e não perguntei a ela, é claro. Vocês me conhecem. Voltei, meio decepcionado, confesso, para o meu lugar. Hoje acredito que o significado do "Você está lendo rápido demais" fosse "Você lê sem atentar para a pontuação." Apenas um pouco mal explicado, não?
Há pouco tempo contei esta história para minha mãe, professora que sempre trabalhou com alfabetização. Ela soltou uma gargalhada e ficamos tentando entender o que "ler rápido demais" significa. Chegamos à conclusão acima. É um acontecimento que acho divertido da minha infância e da minha história com a leitura. A crítica feita à turma pelo professor da universidade me fez lembrar disso. Quis compartilhar. :D