"Cada libro, cada tomo que ves tiene alma. El alma de quien lo escribió y el alma de quienes lo leyeron y vivieron y soñaron con el (...) Los libros son espejos: sólo se ven en ellos lo que uno ya lleva dentro"

(Carlos Ruiz Zafón, La sombra del viento)

sábado, 26 de março de 2011

Livrarias Charmosas por "La petite Poupée"

A autora deste blog "La Petite poupée" fez uma seleção das livrarias mais charmosas  que ela conhece. Eu escolhi 3 das quais ela mostra. Para ver o post na íntegra, basta clicar no link

Lello & Irmão, Porto - Portugal.


El Ateneo, Buenos Aires - Argentina


Selexyz Bookstore, Maastricht - Holanda

Se na minha casa tivesse escada...




sábado, 19 de março de 2011

Canto de leitura

A simplicidade e a luminosidade cativaram-me no ato. Não podia deixar de registrar.
(via Lolalina)

"Educação e Arte" ou a arte da educação.

Li este texto hoje e meio que inspirada pelo texto da Eunícia transcrevi aqui.
:)
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Educação e Arte
Daniel Munduruku

Aprendi com meu povo o verdadeiro significado da palavra educação ao ver o pai ou a mãe da criança índia conduzindo-a passo a passo no aprendizado cultural. Pescar, caçar, fazer arcos e flechas, limpar o peixe, cozê-lo, buscar água, subir na árvore... Em especial, minha compreensão aumentou quando, em grupo, deitávamos sob a luz das estrelas para contemplá-las procurando imaginar o universo imenso diante de nós, que nossos pajés tinham visitado em sonhos. Educação para nós se dava no silêncio. Nossos pais nos ensinaram a sonhar com aquilo que desejávamos.
Imagem: Mariana Massarani
Compreendi, então, que educar é fazer sonhar. Aprendi a ser índio, pois aprendi a sonhar ("viajar", na linguagem do não-índio). Ia para outras paragens. Passeava nelas, aprendia com elas.
Percebi que, na sociedade indígena, educação é arrancar de dentro para fora, fazer brotar os sonhos e, às vezes, rir do mistério da vida.
Descobri, depois, que, na sociedade pós-moderna ocidental, educação significa a mesma coisa: tirar de dentro, jogar para fora. Mas isso fica na teoria. Decepcionei-me ao ver que os professores faziam o contrário. Punha de fora para dentro. Os sonhos ficavam enlatados dentro das crianças e jovens. Não tinham tempo de sair. Aprender, para o ocidental, é ficar inerte ouvindo um montão de bobagens desnecessárias. As crianças não tem tempo para           sonhar, por isso acham a escola uma grande chatice.
Não escolhi ser índio, esta é uma condição que me foi imposta pela divina mão que rege o universo, mas escolhi ser professor, ou melhor, confessor dos meus sonhos. Desejo narrá-los para inspirar outras pessoas a narrar os seus, a fim de que o aprendizado aconteça pela palavra e pelo silêncio. É assim que "dou" aulas: com esperança e com sonhos...

(MUNDURUKU, Daniel. "Educação e Arte" In: Histórias de índios. São Paulo: Companhia das letrinhas, 2008.)

sexta-feira, 18 de março de 2011

Os outros interesses...

Os 10 livros

Os livros, as idéias e as pessoas

Hoje trouxe para casa 10 livros de uma só vez. Gasto vultoso na livraria, possível apenas pelo dinheiro de um projeto. Enquanto assinava e datava cada um (sempre coloco o ano da aquisição), pensava no que seria deles quando eu já não existisse mais. Meus filhos seguem rumos profissionais bem distintos dos meus e ainda não cheguei ao tempo de ser avó e adivinhar futuros outros que poderiam transformar-se e transformar através deles...

Lembrei do Ilmar e da Guida e da iniciativa da Casa... Mas para além da dimensão prática, fui sequestrada por outras imagens e percepções... Como se as palavras ganhassem corpo e voassem, como se o que dos livros fisicamente existe nada fosse além daquilo que passa a habitar nossos corações e mentes. Meus livros são para mim, são viagens sem fim. Mas meus livros são também para meus alunos e amigos, aqueles que, ao ouvirem as palavras faladas, recuperam e re-inventam aquelas anteriores palavras impressas.

Fiquei tranquila. Os livros estão aqui, mas também ali e em qualquer outro lugar. As chamas ou o tempo podem fisicamente destruí-los, mas eles continuarão vivos.

Hora de dormir. Hora de dormir?


Imaginative photographer Yusuke Suzuki  has created a page turner of a bed  that looks like an oversized book. At night it is opened up for sleepy heads to sleep in and during the day it is shut closed to create enough space for children to play in their room.

terça-feira, 1 de março de 2011

Estantes


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"Acho a criatura humana muito mais interessante no período infantil do que depois de idiotamente tornar-se adulta. (...) Ainda acabo fazendo livros onde as nossas crianças possam morar" 
(Monteiro Lobato)



Maria Eduarda me visita com frequência. Ela é curiosa como algumas meninas de 6 anos são, nascidas para a eterna novidade do mundo de que Pessoa fala. Duda vem e vai. Poucas vezes assiste um filme inteiro, ela perde a paciência, raramente brinca por mais de uma hora da mesma coisa, a trama e os brinquedos mudam com rapidez, mas ouve incansável diversas vezes a mesma história do mesmo livro que está na minha estante e que ela tanto ama. Toda vez que ela dorme na minha casa senta-se na minha cama e espera que eu lhe conte suas duas histórias favoritas: "Marcelo, marmelo, martelo" e "A Menina que não era maluquinha II", ambos escritos por Ruth Rocha, e só ouve alguma história nova se eu prometer que lerei estes dois no final. No primeiro ela gosta especialmente da entonação da minha voz quando eu leio o trecho em que Marcelo quer saber porque ele não se chama martelo ou marmelo , no segundo acha divertidíssima a forma como a menina que não era maluquinha fala com sua professora sobre o Brasil e os índios. Já li cinco vezes a mesma história e tantas vezes ela me pede para repetir os mesmos trechos. Me divirto tanto quanto ela certamente. Recentemente, quando estava arrumando o quarto, Duda tirou os livros do armários e cismou que os queria na prateleira do seu quarto, quando sua mãe perguntou o motivo ela disse: "Quero ter uma estante que nem a da Agnes". Quando a mãe dela me contou eu sorri por dentro e por fora, lembrei de que quando eu era criança era eu quem dizia: "quero ter uma estante como a do meu avô". Gosto de pensar que a Duda está descobrindo como é bom viver morando nos livros. :)