Imagem por Will Washford
“Em carta de 1948, Graciliano Ramos compara o trabalho do escrito à rotina das lavadeiras. Fala das velhas lavadeiras alagoanas quem inclinadas sobre a água, em um ritual hipnótico, dão uma primeira lavada em suas roupas, torcem-nas, molham novamente, voltam a torcer, em um teatro sem fim. Só depois, elas mergulham a roupa no anil e, enfim, a ensaboam. Mas tudo recomeça. Diz Graciliano: “Batem o pano na laje ou na pedra limpa, e dão mais uma torcida e mais outra, torcem até não pingar do pano uma só gota”. Da repetição interminável, arrancam a existência.
(José Castello. “Magris no elevador” (Fragmento). Caderno prosa e verso. O Globo.)
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Enquanto escrevo o artigo de cada semestre lembrei-me deste fragmento que me foi apresentado pelo professor Ilmar Mattos em aula, foi uma das epígrafes do curso de LEAH (Laboratório de Ensino e Aprendizagem em História). Compartilho com os leitores amigos então, não apenas pela beleza que o fragmento contém, mas também pela angústia que me passa graças aos diversos momentos em que meu esmero com a escrita deixa muito a desejar.
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