"Cada libro, cada tomo que ves tiene alma. El alma de quien lo escribió y el alma de quienes lo leyeron y vivieron y soñaron con el (...) Los libros son espejos: sólo se ven en ellos lo que uno ya lleva dentro"

(Carlos Ruiz Zafón, La sombra del viento)

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Maggs Rare books


Há quem diga que a visita em si já vale tudo. Eu não sei, não pude esticar até lá quando estive em Londres. Não faltou vontade. Maggs Rare Books é mais do que um sebo, é um antiquário cheio de preciosidades autografadas e raras. Essa foto é de uma série de fotografias tiradas lá. Inclusive conheci a Maggs através desta série de fotos que foi apresentada pelos amigos da Pó dos livros
Para conhecer melhor o lugar entre no site da Maggs Bros

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Persépolis

Neste mundo de HQs existem outros títulos de que gosto especialmente além de MAUS, do qual falei no último post. Marjane Satrapi é uma iraniana que fez sua autobiografia em formato de HQs. O livro que foi divido em quatro volumes e depois transformado em um só, fala desde sua infância e adolescência até sua vida adulta. Através de sua biografia, Satrapi aborda a história do Irã e mostra como foi fortemente influenciada pelo contexto político que viveu em seu país. Durante sua estadia na europa a questão das identidades se tornam um tema recorrente, como se identificar, se os iranianos são acusados constantemente de serem terroristas?
O tema da mulher entra em cena conforme a personagem, a própria autora, cresce. Que tipo de mulher ser, a iraniana ou a européia? Cabe a ela esta escolha?
Existem os preconceitos diversos que ela acaba sofrendo e que ela também demonstra em outros momentos. O choque entre sua cultura e a cultura européia.
O livro é complexo, afinal a vida está imersa em complexidades e complicações. As relações familiares estão cheias de tensão, o amor é um espaço de muitos conflitos. A avó que é uma mulher especialmente forte - de quem Marjane gosta especialmente e por quem nutre enorme admiração, os pais que são incrivelmente amorosos -inclusive a autora faz uma nota especial agradecendo a compreensão e o amor dos pais, e existe esse outro personagem, um governo que tantas vezes seca os amores ou pelo menos dificulta-os. Além disso, existe a inevitável e bem-vinda mudança, que ora nos aproxima, ora nos afasta daqueles que tanto amamos e que também  nos amam.

No meio disso tudo estoura uma guerra, alguns amigos se perdem, outros saem do conflito com sequelas permanentes e como a própria autora escreve, o tempo se encarrega de aproximá-la de seus antigos amigos e depois de separá-la. Todos esses temas acabam sendo abarcados pela biografia desenhada de Marjane Satrapi. O tom do livro ainda que por vezes seja dramático e duro, não desperdiça os momentos de bom humor e alegria, nem perde as oportunidades que lhe são concedidas para o riso, acredito que em alguns momento a vida funciona da mesma forma.

domingo, 24 de outubro de 2010

MAUS


"A exigência de que Auschwitz não se repita
é a primeira de todas para a educação (...)
Ela foi a barbárie contra a qual se dirige
toda a educação."
(Theodor Adorno, Educação após Auschwitz)


Eu sempre gostei de HQs. É de família, aprendi com meu pai. Mesmo assim, pensei durante muito tempo que quadrinhos era algo que servia-me apenas como divertimento. Quando cheguei ao segundo ano do ensino médio conheci um professor de história que acreditava - e ainda acredita - que nós aprendemos mais e melhor quando nos divertimos. Então, no momento de estudarmos a Segunda Guerra Mundial ele sugeriu um trabalho a partir da leitura de MAUS, uma história em quadrinhos sobre o holocausto. Art Spiegelman é o único autor de histórias em quadrinhos que foi premiado com o Pulitzer. Seu livro MAUS é o único livro de histórias em quadrinhos que recebeu esse prêmio. Em sua obra ele conta a história de seu pai Vladek e sua mãe Anja, ambos sobreviventes do holocausto. A história é contada segundo a visão do pai, mas Art - ou Artie, como é chamado pelo pai - aparece em muitos momentos que retratam as várias visitas e entrevistas que ele fez com seu pai para desenhar o livro. MAUS é uma história do tipo FORTE - em letras garrafais. Não estamos falando de história em quadrinhos que visa apenas entreter. Chorei lendo na primeira vez, e na segunda, na terceira...
Spiegelman desenhou os judeus como ratos, os alemães são gatos, os polonesês são retratados como porcos - certamente encontramos o elemento risível nas representações - e os americanos são cães. No entanto, vale ressaltar, estamos falando de ratos incrivelmente humanos. Acredito que a representação escolhida permite ao autor criticar, mas, surpreendente, torna o livro ainda mais forte. Emociona-me toda vez que leio. Meu professor tinha razão, a questão do holocausto ficou gravada em mim de tal forma que nenhuma aula - por melhor e mais completa que fosse -  jamais poderia alcançar tamanho sucesso. MAUS é um belo livro, um testemunho comovente certamente, mas é também um manifesto contra a barbárie, contra o horror vivido por tantos homens e mulheres que, durante um triste período da história da humanidade, foram reduzidos à condição de ratos.

sábado, 23 de outubro de 2010

Sobre fracassos

Na semana do dia das crianças eu dei uma passada no blog da Companhia das Letras e por um acaso eles tinham uma lista de livros interessantes para crianças e jovens. Li muitos elogios ao trabalho de Jules Feiffer, e a capa do livro foi escrita por Art Spiegelman, autor e desenhista que eu particularmente admiro muito. O livro O Homem no Teto escrito e ilustrado por Jules Feiffer é ainda melhor do que eu esperava. Jimmy, o protagonista da história, tem uns dez anos e meio, não fala muito, não tem tantos amigos assim, não joga beisebol e não se esforça muito na escola. Tem uma irmã que grita com ele o tempo todo e outra que quer sempre sua atenção. Jimmy é um desenhista de história em quadrinhos que conhece muito bem o significado da palavra fracasso. Jimmy não é o popular super-herói dono de seu próprio nariz, ele é um menino inseguro que muitas vezes desiste de seus sonhos para tentar ganhar a afeição e admiração dos outros. Este não é um livro com uma história extraordinária cheia de coisas grandiosas e distantes da realidade. É uma história para os jovens Jimmys que existem aos montes. Livro para meninas como eu, que era uma dessas pessoas sem muitos amigos mas repleta de fracassos. Emocionei-me com o livro, isso significa que ri bastante - afinal é um livro cheio de bom humor - mas também chorei um pouquinho quando percebi como éramos parecidos, eu e Jimmy. Fizemos uma boa descoberta, fracassar não é nossa deixa para desistir, mas para continuar. "É preciso caminhar antes de correr".  O livro conta o cotidiano de um menino que luta pelo sucesso e ao fim descobrimos, eu e ele - ambos com lágrimas nos olhos -, que passamos pelo fracasso muitas vezes antes de descobrir o sucesso. E então nos sentimos em casa, continuaremos caminhando...

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Uma coisa puxa a outra



"SOME DAY YOU WILL BE OLD ENOUGH TO START READING FAIRY TALES AGAIN." 
C.S. LEWIS

Andando pela internet conheci este blog sobre ilustrações infantis escrito por um inglês.

Children's / Fantasy Illustration

E através deste blog cheguei a outro - viva a teia ou web -, escrito em inglês por uma holandesa.

Love For Books

Os dois são muito divertidos. :)

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Um livro infantil e sua bela metáfora

Você sabia que os pássaros são um dos tipos de animais que melhor cuidam de seus filhotes? Eu não sabia que disso, mas Jackie Corvo sabia. Ele não poderia escolher ser nenhum animal que não cuidasse bem de seus pequeninos, ele amava Lizzie demais. No início ela não conseguia compreender o que se passava na cabeça de seu pai, por que ele tinha inventado de ser pássaro, ou melhor, homem-pássaro. Ela se preocupava com seu pai.  Lizzie demorou para perceber que mesmo como pássaro seu pai tinha escolhido cuidar dela da melhor forma possível. Quando ela percebeu esse amor do pai ela parou de ouvir tudo que lhe dizia que tinha algo de errado com seu pai, embarcou com ele na aventura. Criaram então um ninho, construíram outro par de asas e sonharam sonhos de passarinhos.
"Meu pai é um homem-pássaro" é um livro formidável escrito por David Almond e ilustrado lindamente por Polly Dunbar. Chamou minha atenção o título e a crítica. Certamente foi escrito para crianças - as mais velhas, pois é um pouquinho grande - e a história, que tem seu início cheio da tristeza e da solidão de um pai viúvo, chega ao fim com a alegria  que o amor inexplicável entre pai e filha tem poder de trazer. A tristeza aparente da história não se concretiza, inclusive a ilustradora utilizou muitas cores, fez desenhos muito alegres e divertidos. Durante a história devo admitir que derramei uma ou duas lágrimas discretas. Pensei em como eu e meu pai costumávamos entrar um na imaginação do outro, vivenciando juntos algumas belas aventuras, como Lizzie faz com seu pai ao descobrir que ela não é apenas Lizzie, ela é Elizabeth Corvo. A diferença entre Elizabeth e seu pai diminuiu e a distância desistiu transformando-se em estrada para um belo reencontrar-se, um na imaginação do outro. O diferente e estranho tornou-se menos importante quando Lizzie e o pai perceberam quanto eles se amavam e então nada mais era mais importante do que estarem juntos. Tem jeito mais alegre de terminar o livro? Bem, tem como completar a alegria, mas não vou contar o final...

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Poesia musicada



Vento no Litoral 
 Renato Russo


De tarde quero descansar

Chegar até a praia e ver
Se o vento ainda esta forte
E vai ser bom subir nas pedras

Sei que faço isso pra esquecer

Eu deixo a onda me acertar
E o vento vai levando
Tudo embora...

Agora está tão longe

ver a linha do horizonte me distrai
Dos nossos planos é que tenho mais saudade
Quando olhávamos juntos
Na mesma direção
Aonde está você agora
Alem de aqui dentro de mim...

Agimos certo sem querer

Foi só o tempo que errou
Vai ser difícil sem você
Porque você esta comigo
O tempo todo
E quando vejo o mar
Existe algo que diz
Que a vida continua
E se entregar é uma bobagem...

Já que você não está aqui

O que posso fazer
É cuidar de mim
Quero ser feliz ao menos,
Lembra que o plano
Era ficarmos bem...

Eieieieiei!

Olha só o que eu achei
Humrun
Cavalos-marinhos...

Sei que faço isso

Pra esquecer
Eu deixo a onda me acertar
E o vento vai levando
Tudo embora...