"Cada libro, cada tomo que ves tiene alma. El alma de quien lo escribió y el alma de quienes lo leyeron y vivieron y soñaron con el (...) Los libros son espejos: sólo se ven en ellos lo que uno ya lleva dentro"

(Carlos Ruiz Zafón, La sombra del viento)

quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Feliz Ano novo!




Desejo a todos um ano extraordinário, que Deus nos abençoe. Como última leitura do ano de 2009 faço minhas as palavras atribuidas a Victor Hugo e trago pela última vez no ano uma linda ilustração da Mariana Massarani.

"Desejo primeiro, que você ame, e que amando, também seja amado.
E que se não for, seja breve em esquecer e esquecendo, não guarde mágoa.
Desejo pois, que não seja assim, mas se for, saiba ser sem desesperar.
Desejo também que tenha amigos, que mesmo maus e inconseqüentes, sejam corajosos e fiéis, e que em pelo menos num deles você possa confiar sem duvidar.
E porque a vida é assim, desejo ainda que você tenha inimigos;
Nem muitos, nem poucos, mas na medida exata para que, algumas vezes, você se interpele a respeito de suas próprias certezas.
E que entre eles, haja pelo menos um que seja justo, para que você não se sinta demasiado seguro.
Desejo depois que você seja útil, mas não insubstituível.
E que nos maus momentos, quando não restar mais nada, essa utilidade seja suficiente para manter você de pé.
Desejo ainda que você seja tolerante; não com os que erram pouco, porque isso é fácil, mas com os que erram muito e irremediavelmente, e que fazendo bom uso dessa tolerância, você sirva de exemplo aos outros.
Desejo que você sendo jovem não amadureça depressa demais, e que sendo maduro, não insista em rejuvenescer
e que sendo velho, não se dedique ao desespero.
Porque cada idade tem o seu prazer e a sua dor e é preciso deixar que eles escorram por entre nós.
Desejo por sinal que você seja triste; não o ano todo, mas apenas um dia.
Mas que nesse dia descubra que o riso diário é bom; o riso habitual é insosso e o riso constante é insano.
Desejo que você descubra, com o máximo de urgência, acima e a despeito de tudo, que existem oprimidos, injustiçados e infelizes, e que estão à sua volta.
Desejo ainda que você afague um gato, alimente um cuco e ouça o João-de-barro erguer triunfante o seu canto matinal;
porque assim, você se sentirá bem por nada.
Desejo também que você plante uma semente, por mais minúscula que seja, e acompanhe o seu crescimento, para que você saiba de quantas muitas vidas é feita uma árvore.
Desejo que você tenha dinheiro, porque é preciso ser prático.
E que pelo menos uma vez por ano coloque um pouco dele na sua frente e diga "Isso é meu", só para que fique bem claro quem é o dono de quem.
Desejo também que nenhum dos seus afetos morra, por ele e por você, mas que se morrer, você possa chorar sem se lamentar e sofrer sem se culpar.
Desejo por fim que você sendo um homem, tenha uma boa mulher, e que sendo uma mulher, tenha um bom homem
e que se amem hoje, amanhã e no dia seguinte, e quando estiverem exaustos e sorridentes, ainda haja amor para recomeçar.
E se tudo isso acontecer, não tenho nada mais a te desejar."

Sorrindo por dentro.

Só para que conste, é a centésima primeira postagem do blog. E resolvi usá-la para contar algo que vi que realmente me fez sorrir.
Passei pela Travessa hoje, depois de assistir o magnífico filme da Disney "A princesa e o sapo". Alguns livros não encontramos em muitos lugares.
Estava então olhando a sessão infantil quando vi que uma atendente, Renata o nome dela, percebendo a enorme movimentação de crianças disputando por um livro, pegou o divertido livro interativo sobre Moby Dick, sentou-se no chão e começou a contar a história para as crianças. Ela foi paciente e permitiu que eles tocasse e explorassem o livro. Me fez sorrir por dentro e pensei sobre como seria bom se todos os vendedores fossem assim tão gentis e pacientes. Eu estava procurando um título específico e difícil, ela sabia que tinha antes mesmo de checar o local no computador. Por fim, quando a bagunça terminou e eu estava me retirando assim como as crianças, vi como ela pegou os livros com cuidado para guardá-los e seguiu sorrindo.
Bom encontrar cenas como esssa no cotidiano.

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Mais Alice

'O' gato...

Infância, chás e um presente de amiga


"Comece pelo começo, siga até chegar ao fim e então, pare". Foi essa a instrução que o Coelho Branco recebeu do Rei em pleno julgamento do valete de copas, acusado de roubar as tortas da rainha. “Cortem a cabeça!”, era sempre isso que a rainha repetia, enlouquecendo por completo os convidados, os jogadores, as lebres e os chapeleiros.
Para sobreviver neste mundo é preciso mesmo ser louco como um chapeleiro, risonho como o gato inglês e talvez inocente como uma criança.
Eu vi o filme ainda criança e me deliciava em tentar falar o nome em inglês “Alice in Wonderland”. Então, no natal deste ano eu ganhei de presente uma nova versão do imortal clássico. A amiga leitora me disse: “Uma historiadora vai saber apreciar como poucos o presente”. Então eu sorri, ela fazia menção ao tradutor, Nicolau Sevecenko, um historiador que caminhou conosco através de seus textos durante as aulas de Brasil III e VII. A versão do livro clássico conta ainda com lindas ilustrações assinadas por Luiz Zerbini.
Eu gargalhei lendo o livro. Acabo de terminar a leitura a agendei para hoje a noite sessão pipoca com a irmã para assistirmos juntas o filme da Disney, que por sinal, é maravilhoso.

A versão cinematográfica de Tim Burton chega aos cinemas em Abril de 2010, com um gato ainda mais risonho e assustador, um fantástico elenco e uma nova leitura do clássico imortal. A ansiedade para ver o filme aumentou quando terminei de ler o livro de Lewis Carroll, mesmo assim, espero antes do filme ter consigo ler o outro livro com as aventuras de Alice.
Existem algumas coisas das quais eu tenho um pouco de receio, esse gato sorridente é uma delas. Apesar de ele ser muito mais simpático no livro. Quando eu era criança nunca consegui compreender se ele era um vilão ou um bom gato. Meu pai dizia, “relaxe, ele é apenas travesso”. Mesmo assim, eu tinha medo dele. Então, conversando com Roberta e Eunícia, percebi que de fato, ele é apenas um gato risonho. Pode ser bom ou mal dependendo da situação e se assemelha muito com tudo que vivemos, pois no final das contas Eunícia está certa, é esse tipo de ambigüidade que encontramos no mundo e dentro de nós mesmos.
Comecei pelo início e cheguei ao final, mas desobedecendo a ordem do rei, não paro.

Como Alice, prossigo com as lembranças do país maravilhoso que visitamos e espero que como ela, eu mantenha acesa em mim a chama de uma infância eterna. Agora corro pois é hora do chá, e já ouço o coelho gritar “Ai é tarde! Pelos meus bigodes, como é tarde”

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Férias!



. Então chegaram as férias! Escolhi os livros para ler, coloquei em prateleira separada

 Alguns são emprestados, outros foram comprados e ainda tem no meio disso tudo uns presentes.


Preparei a cadeira e parti para o abraço.

E talvez você pergunte: "Férias sem Mia Couto Agnes?"
E eu responderei que estou seguindo o conselho da Guida, ela disse para não ler Mia Couto todo de uma vez. Eu acredito que deve ser um bom conselho por isso escolhi outros para seguirem comigo durante o período de descanso. E quando não estou fazendo artigo, é naquela cadeira que me encontro.




sábado, 19 de dezembro de 2009

Lá e de volta outra vez


“Numa toca no chão vivia um hobbit. Não uma toca desagradável, suja e úmida, cheia de restos de minhocas e com cheiro de lodo; tampouco uma toca seca, vazia e arenosa, sem nada em que sentar ou que comer: era a toca de um hobbit, e isso quer dizer conforto.”

(O Hobbit – J.R.R. Tolkien)


As férias chegam e com elas as leituras... digamos... mais agradáveis. Bem, minha última postagem por aqui, se não me engano, foi sobre o encantador O Senhor dos Anéis de J.R.R. Tolkien. Pois bem. Fiquei muito interessado na obra do autor e falo mais uma vez sobre um de seus livros. Desta vez, falarei sobre O Hobbit. Já adianto que me recuso a falar muito sobre este livro, visto que poucos conhecem sua história, pois poucos o leram. Além disso, existe um vindouro filme previsto já para 2010 sobre o livro. Não quero estragar as leituras de ninguém.

Prelúdio de O Senhor dos Anéis, O Hobbit é, no entanto, um livro infantil (ou assim é considerado). Trata-se de uma fábula, na qual um tranqüilo hobbit, Bilbo Bolseiro, um belo dia recebe em sua casa (sem esperar) uma visita de treze atrapalhados, rabugentos e divertidos anões, além do mago Gandalf, que o arrastam, contra sua vontade, para uma perigosa aventura para além de suas despensas. Coisa não muito boa para a reputação de um hobbit, de um povo normalmente avesso a aventuras. Nesta aventura, Bilbo surpreende-se consigo mesmo, com sua esperteza e capacidade de liderança, além de descobrir sua habilidade como ladrão, mas sem perder sua honra e sem deixar de desejar, todo o tempo, estar de volta à sua confortável toca (o que deixa o livro ainda mais divertido).

Aqui, Tolkien também nos apresenta um mundo grandioso e detalhado, repleto de interessantes e cativantes personagens (elementos que parecem umas de suas marcas registradas), embora não mencione nem uma vez o nome Terra Média presente em O Senhor dos Anéis. Parece que a famosa Trilogia do Anel foi pensada depois, com inacreditáveis pontos de ligação com a história do Sr. Bolseiro.

Como disse, o livro é considerado infantil. Contudo, é extenso e a narrativa é bastante densa (apesar de bastante didática e divertida), além de apresentar poucas figuras, o que me faz pensar que as crianças de 1937 (ano de publicação do livro) deviam ser diferentes das de hoje, devendo gostar muito mais de leituras. Também me faz pensar que a classificação “infantil” pode estar um pouco equivocada... que tal “infanto-juvenil”? Bem, o fato é que a história foi criada pelo autor para seus filhos antes de ser publicada, mas não se diz a idade que eles tinham. Enfim, isso não é tão importante.

Considerado coisa de “nerd” ou não, passei a apreciar muito a obra de Tolkien e já tenho outro de seus livros na fila. O Silmarillion, considerado a obra favorita do próprio autor, o que me deixa ainda mais curioso! Devo começá-la em breve, depois de algumas obrigações a cumprir e de um outro livro que me chamou a atenção antes.

Fecho com uma canção do Sr. Bolseiro (outra marca registrada de Tolkien):

Estradas sempre em frente vão,
Sob copas, sob pedras a passar,
Por cavernas sempre sem o sol,
Por rios que nunca vêem o mar:
Sobre a neve que o inverno semeia,
Pelas flores que junho cultua,
Sobre seixos, sobre o verde capim,
E sob as montanhas da lua.

Estradas sempre em frente vão
Sob nuvens e estrelas a passar,
Mas os pés que percorrem os caminhos
Um dia para casa vão voltar.
Olhos que fogo e espada conheceram
E em antros de pedra horror pungente,
Um dia verdes prados recontemplam
E as colinas e as matas de sua gente.

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Novidades Twitteiras

Segundo o Twitter da Livraria da Travessa, o grande homenageado da FLIP 2010 será Gilberto Freyre.

Segundo o Twitter da Cia das letras, chega na segunda quinzena de Dezembro nas livrarias o segundo volume da trilogia Mundo de Tinta de Cornelia Funke, continuação do magnífico Coração de Tinta. (Estou ansiosa por demais!)


sábado, 12 de dezembro de 2009

Socrates In love

“O amor é uma forma de violência que obriga as pessoas a pensarem”. Apenas isso, e ficou ali, lendo e relendo a frase quase anônima em um livro de filosofia qualquer. Sentiu os significados múltiplos da sentença, então sentou e escreveu um Best-Seller. Parece ironia, mas foi assim que Kyoichi Katayama começou a escrever um dos mais belos romances japoneses, Sócrates in Love: o amor sobrevive ao tempo. Admito meu preconceito inicial. O livro rolou aqui em casa, a versão mangá do livro, e antes de me aventurar por este mundo, nunca tinha lido mangá. Venci o preconceito, li o livro, chorei no livro, sorri pelo livro e depois li de novo. E li de novo umas cinco ou seis vezes. De alguma forma, o ciclo se repetiu em ordens diferentes. Li tantas vezes que as falas mais significativas continuam guardadas na minha mente, mesmo que o livro agora já tenha sido devolvido.


A história do livro é simples. Um menino, Sakutaro, que conhece uma menina, Aki. O resto da história é comum, ou quase. Descoberta do amor, tristezas da vida e um amor que sobrevive ao tempo. Amor jovem, daqueles que todo mundo diz que é sem sentido e sem futuro, e também do tipo que dá forças quando tudo parece desmoronar. O tipo de amor que Aki sentia por Saku e o tipo de amor que ela recebia de volta.

A ilustradora do livro, Kazumi Kazui, conta que seus olhos ficaram cheios de lágrimas no início da história, mas do meio para o final ela chorava por cima de todos os desenhos.
A história é triste. Obviamente é uma bela história, muito bem escrita. A versão mangá do livro é fantástica, Kazumi Kazui captou toda a beleza e a alegria da história. Alegria, pois é o tipo de amor que significa vida, mesmo com tanta morte ao redor de si.

É certamente um dos livros mais lindos que já li e como a data é propícia para romances, eu falo dele. Por fim, a lição mais importante que Sakutaro aprendeu com Aki é algo simples, ele me ensinou com uma frase, e eu repito sempre, “este é um mundo tão amplo, que perdemos com facilidade as pessoas especiais que encontramos com tanta dificuldade.”. Espero assim não esquecer de valorizar as pessoas especiais, para oferecer-lhes amor leal, e captar assim toda a alegria de um amor que sobrevive ao tempo.

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Bibliotecas

Montei um top 10 motivos pelos quais eu amo a biblioteca da Puc e um texto sobre meu amor pelas bibliotecas. O texto foi escrito há algumas semanas e agora consegui pausar aqui e postar. Lamento minha ausência de quase 10 dias. Esperem uma ausência maior até o fim do período.

TOP 10.

10 - O silêncio ensurdecedor da Biblioteca permitindo que você se concentre (ou durma profundamente)
09 - A enorme quantidade de livros disponíveis
08 - O cheiro maravilhoso que só a biblioteca PUC tem
07 - A possibilidade de sentar no chão do segundo andar e sentir-me imersa naquele mundo de letras
06 - a possibilidade de subir dois lances de escada e fazer minha pausa para lanche no Departamento mais aconchegante da universidade, o de História.
05 - Os constantes encontros com meus colegas graduandos (três vivas para Clarissa, companheira de biblioteca)
04 - poder andar descalça pela biblioteca
03 - mesas grandes que permitem que eu me espalhe nelas
02 - Encontrar com minha prima do lado de fora da sala de estudo individual
01 - O sorriso dos funcionários da biblioteca que sempre me recebem tão bem, cujos nomes eu já conheço todos

Bibliotecas...

Algumas pessoas, para não dizer muitas, acham que eu deveria passar menos tempo na biblioteca. Bem, bibliotecas é um amor antigo.


Passei a freqüentar bibliotecas a partir da primeira série. Amava estar nelas, até porque, na minha escola, eu tinha acesso a coleção completa de Monteiro Lobato, sonho de consumo que dura até hoje. Além disso, tinha revistinhas da turma da Monica para quando eu queria algo mais leve. Quando passei a estudar no Colégio Pedro II eu devo dizer que passei os dois primeiros anos morando na biblioteca. Como eu não tinha amigos – e isso não é algo bom ou alegre – eu passava todos os meus tempos livres na biblioteca e para não passar o dia sem abrir a boca, conversava com a bibliotecária. Na biblioteca do CP2 silêncio não era algo levado muito a sério. Tinham mesas de leitura individual que ficavam no fundo, mas, as mesas de leitura em grupo eram uma 'festa literária' constante. Na biblioteca do cp2 eu descobri Pedro Bandeira, Vinícius de Moraes, Cecília Meireles, Gaston Leroux, Camões e tantos outros. Eu era uma das únicas que precisavam de mais de uma carteirinha da biblioteca antes do final do ano. Mesmo quando comecei a ter muitos amigos e me tornei “pop” – devo dizer isso com risadas, mas é verdade – eu ainda me refugiava no quase silêncio da biblioteca quando o mundo começava a me sufocar ou a me enlouquecer. (especialmente depois das MALDITAS provas de matemática, química ou física) Foi nessa biblioteca que eu me apaixonei pela língua portuguesa.

Quando cheguei à PUC lembro que demorei a conseguir visitar pela primeira vez a Biblioteca. Estava trabalhando e não tinha tempo antes ou depois das aulas. Quando digo que demorei significa que esperei mais de um ou dois dias. Meu primeiro tempo livre foi gasto no conhecimento do lugar fantástico que a biblioteca se mostrou ser. Além de ser imensa para meus padrões até aquele momento, tinha um silêncio absoluto e um cheiro maravilhoso. Demorei a me familiarizar com o lugar. Hoje, além de conhecer todos os funcionários da Biblioteca pelo nome, tiro os sapatos quando consigo um lugar e sento no chão quando a cadeira me cansa. Às vezes quando começo a ficar tonta de tanto ler, subo para o segundo andar da biblioteca, olho os livros e suas lombadas, sento no chão e fico em silêncio, sabendo que tudo que li em breve começará a conversar comigo. Amo a Biblioteca da PUC. Fico até tarde estudando com prazer e com a certeza de que basta subir dois lances de escada para encontrar no departamento o refresco que eu preciso para descer e retomar os estudos.