"Cada libro, cada tomo que ves tiene alma. El alma de quien lo escribió y el alma de quienes lo leyeron y vivieron y soñaron con el (...) Los libros son espejos: sólo se ven en ellos lo que uno ya lleva dentro"

(Carlos Ruiz Zafón, La sombra del viento)

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Infância, chapéus e Jogo do Contente

"se você procurar pelo mal nas pessoas, esperando encontrá-lo

é apenas isso que vai encontrar"
(Abraham Lincoln)

Gostaria de conseguir precisar o momento em que conheci o filme. Sei quando conheci o livro, lembro-me com clareza do momento em que o comprei. Ainda criança eu me apaixonei por esse filme, lembro que eu era já maior do que quando conheci Mary Poppins. Minha locadora tinha o filme e eu pedia sempre para minha mãe alugar. Toda a família adorava aquela versão do clássico livro Pollyanna. A Disney lançou três filmes da Pollyana, um que seguia o livro com fidelidade, outro que somava os elementos do livro a tensão racial do sul dos Estados unidos e uma continuação desse último. O filme com crítica ao racismo chamou minha atenção apesar de eu ser ainda consideravelmente pequena. Eu gostava muito de pensar que uma menina alegre conseguiu transpor enormes barreiras impostas pela sociedade. Além disso, Polly era uma menina muito corajosa, atravessar aquela ponte e ir para a parte ‘branca’ da cidade não era algo fácil.
O filme ficou guardado na mente, mas ele não foi lançado em DVD quando a transição VHS-DVD aconteceu e minha locadora faliu. Tentei encontrar o filme depois, mas foi em vão. Quando comecei a trabalhar me empenhei em comprar muitos desses filmes da infância. Foi quando me deparei com a primeira versão do clássico, a história original não tinha toda a questão racista. Comprei o filme e demorei muito tempo para conseguir assistir. Meus pais inclusive assistiram antes de mim. Lembro que quando finalmente consegui ver o filme chorei como um bebê. Assisti ao filme por semanas seguidas e chorava sempre. A alegria e a bondade de Pollyanna me faziam lembrar que um sorriso pode ser o suficiente para mudar o dia de alguém. Em meio à hipocrisia e frieza da tia, aquela menina órfã ensinava a todos que era possível estar contente com o que se tinha. Esse era o jogo do contente, pensar em algo naquela situação triste ou incomoda que podia te deixar contente. Em um dos momentos do filme Pollyanna está entregando geléias e cestas de caridade feitas por sua tia rica e outras mulheres. Ela não queria que as pessoas se sentissem menosprezadas então ela olhou para o senhor e disse: “Ora, não é caridade, é apenas um presente de uma amiga para seu amigo.”
Quando ela ficou triste o suficiente para não conseguir jogar o jogo do contente toda a cidade aparece para lhe trazer um pouco da alegria e do amor que ela entregou-lhes. Então o mesmo senhor lhe entrega flores e diz: “Não é caridade, é um presente de um amigo para sua amiga.”

Um pouco de alegria, gentileza e amor são capazes de grandes coisas na minha opinião. Comprei o livro e já o li quase todo. Ele veio com um lindo pingente de um chapéu com laço de fita. (Pollyanna usa uns chapéus tão lindos que dá vontade de voltar no tempo) Quando uso o colar lembro-me da Pollyanna. Como ela mesma diz no filme, se procurarmos apenas pelo mal nas pessoas é só isso que veremos. Ela continua me ensinando que quando sorrimos e somos gentis encontramos outros sorrisos e que podemos ver o lado bom das pessoas apesar dos erros que elas cometem e das amarguras que elas carregam. Assim como ela, tento procurar pelo bem nas pessoas e é isso que tenho encontrado. De certa forma, acho que ela estava certa.




Um comentário:

  1. Depois de anos que havia lido o livro, e ja nem lembrava mais da história, fui a locadora com minha neta de 7 anos pegar os filmes preferidos dela, mas, quase sempre trago no meio dos dezenhos da barbie, da Monica, etc...alguma coisa mais, alguma coisa que acrecente. Nesta semana escolhi pollyana, e foi pra mim uma bela surpresa, ver na tela,esta história comovente, é claro que ela (minha neta)não entendeu porque me comovi, mais sei que um dia vai entender.

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