"Cada libro, cada tomo que ves tiene alma. El alma de quien lo escribió y el alma de quienes lo leyeron y vivieron y soñaron con el (...) Los libros son espejos: sólo se ven en ellos lo que uno ya lleva dentro"

(Carlos Ruiz Zafón, La sombra del viento)

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Memorável...

"O que a memória ama fica eterno.
Te amo com a memória, imperecível"
(Adélia Prado.
Epígrafe do segundo capítulo da parte dois do livro)


Descobri os livros muito jovem e ainda lembro do fascínio que senti ao perceber que podia ler sozinha as letras impressas no papel. Quando adolecente eu conheci o livro que seria 'livro da minha vida' por toda minha adolescência. Riam o quanto quiserem, o livro é a obra imortal de Gaston Leroux, "O fantasma da Ópera". Ele foi o livro extra da sétima série e eu era apaixonada por ele. Conhecia os diálogos, os personagens e devo dizer que o li por completo cinco vezes. Muito tempo depois um outro livro chegou. Carlos Ruiz Zafón e seu romance sobre um menino e um cemitério de livros que me levou a Barcelona e eu ainda posso sentir o livro pulsando dentro de mim. Recentemente eu conheci Mia Couto e a paixão profunda me fez quebrar uma promessa, prometi que leria Torga antes de ler outro livro do Mia Couto, mas eu não resisti.
Indo para ANPUH deparei-me com o novo livro de Mia Couto no aeroporto. Eu ainda estava terminando o primeiro e por isso nem pensei em comprar. Em Fortaleza, depois que terminei de ler "um rio chamado tempo, uma casa chamada terra", eu me arrependi de não ter comprado.
Foi a primeira coisa que fiz quando cheguei no Rio. hoje escrevo após terminar a bela leitura de "Antes de Nascer o Mundo".
Então por fim eu permito que esse livro se eleve para estar entre as minhas outras obras favoritas, mas dou a ele o lugar de honra por estar acima de qualquer outro livro que eu já tenha lido até agora. Tanto eu quanto ele sabemos que esse lugar de honra pode ser passageiro, mas nós nos olhamos como velhos amigos que sabem que certos amores não morrem nunca. E como diria o próprio Mia Couto através da portuguesa Marta em seu livro 'Antes de Nascer o Mundo', "Nunca faças nada para sempre, exepto amar".
Eu gostaria de fazer um enorme post sobre o livro e sobre como é maravilhoso revisitar esse mundo moçambicano de Mia Couto, mas já não tenho palavras. Por vezes é melhor afinar silêncios.
A obra e seus cativantes personagens me levaram a um mundo de esquecimento, memória, tempo e dor. Estou ainda deixando a história se ajeitar dentro de mim. Vejo o tempo com outros olhos e com outros tempos.
Eu poderia dizer que recomendo que você leia, mas isso é muito pouco. Eu desejo então que você leia e sinta parte do que eu senti e se assim for possível, que sorria como eu sorri. E ao final, que olhe a vida, a memória, o tempo e a História com outros olhos. Olhos de quem pode ver o antes, o depois e o próprio presente do nascer do mundo em uma vida.

Um comentário:

  1. Amo ler o que você escreve, senhorita Agnes. Quando é que vai escrver seu próprio livro e nos presentear com a melhor obra literária da História? Mia Couto que se cuide...
    "Gostaria de fazer um enorme post sobre o livro" você diz. Para que? Com poucas palavras disse tudo e mais um pouco, embora possa ainda sentir a sensação de faltar alguma coisa. É sempre assim quando esrevemos sobre um livro, principalmente quando gostamos muito deste, ou quando o autor é um gênio.
    Quero dizer que você despertou minha curiosidade, aguçada por um versos que andei lendo no livro. Lerei Mia Couto, assim que a universidade permitir.

    ResponderExcluir