"Cada libro, cada tomo que ves tiene alma. El alma de quien lo escribió y el alma de quienes lo leyeron y vivieron y soñaron con el (...) Los libros son espejos: sólo se ven en ellos lo que uno ya lleva dentro"

(Carlos Ruiz Zafón, La sombra del viento)

domingo, 14 de junho de 2009

Cercas...

"Cercas como essa existem no mundo todo.
Esperamos que você nunca se depare com uma delas."
(Orelha do livro)

Já li diversos livros. Alguns eu pensei serem criativos, mas horrendamente escritos. Outros eram belos, mas verdadeiros clichês. Li alguns que o autor pretendia escrever um romance e acabou escrevendo um livro de auto-ajuda. (Coisa que particularmente eu não gosto. Exceto um ou outro realmente divertido.)
Tem livros que são como um soco na boca do estômago. Alguns eram mais ou menos e outros tão bons que me fizeram perder o fôlego.
Então eu li o menino do pijama listrado. Se eu tivesse que classificá-lo, colocaria como um livro tipo “me fez perder o fôlego.” Porém, classificá-lo parece quase um crime.
Eu vi o filme. Lamento tê-lo feito. Não porque o filme seja ruim, ao contrário, é belíssimo. Entretanto, o filme perdeu o que o livro tem de mais importante: a inocência de Bruno. Não sei como John Boyne fez isso, mas o livro tem uma inocência que é o dá ao texto sua verdadeira beleza.
Comecei a história pensando que era um livro sobre segunda guerra. Depois presumi que a personagem principal era o menino Bruno. Em seguida fui em frente pensando que o verdadeiro foco era o holocausto. Então conheci Shmuel e pensei que seria ele o motivo da história. Porém, ao terminar o livro eu formulei minha própria teoria. Acho que o livro é sobre uma cerca. Uma cerca, pijamas, berros, lágrimas e amizade.
A orelha do livro é genial. Tentei descobri quem a escreveu, mas não consegui. O autor foi muito feliz. Segui com Bruno. Deixei Berlim para conhecer Haja-Vista. Então me deparei com a cerca e faço minhas as palavras dos autores da orelha: “Espero que você nunca se depare com uma delas”
Então um grito mudo saiu da minha boca e eu me fiz a mesma pergunta que o jovem Bruno: “E quem decidiria quem usava os pijamas e quem usava os uniformes?”
Ainda me faço essa pergunta enquanto penso em Bruno. Penso por fim na cerca e no pequeno Shmuel. Então um sorriso brota nos meus lábios quando lembro da cena em que os dois meninos apertam as mãos por debaixo da cerca. Fico feliz. A cerca não foi suficiente para eles, também não o será para mim.


BOYNE, John. O Menino do Pijama Listrado. São Paulo: Cia das Letras, 2007.

2 comentários:

  1. Bem... eu só vi o filme com a Agnes... é o tipo de filme que quando termina vc fica olhando pra tela sem ação... atônito. O burburinho de final de filme é diferente após um filme desses. É mais silencioso, perturbado. Vc pensa como um menino pode ser tão inocente e como homens podem ser tão atrozes a ponto de construirem cercas como essa.

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  2. Olhá só!! Felipe?!!
    dando do ar de sua graça...=D
    Eu lembro do filme...chorei horrores. Você ficou até sem ação. hehehe e o Bruno tinha apenas 8 anos, quase 9. Inocência justificada.

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